Figura transgressora na arte, no seu corpo, na vida, Genesis P-Orridge está na linha da frente da revolução do género, mas também da música, ao mesmo tempo em que evoca uma espiritualidade, muitas vezes boia de salvação para um percurso de vida feito de perdas e excessos, ligada sobretudo ao ocultismo e ao paganismo. Este mais recente documentário sobre a sua vida é também o prenúncio da sua morte, que vem a ocorrer em 2020, onde, com enorme debilidade física, Genesis nos oferece um generoso último suspiro sobre quem é, cabendo-nos a nós, espectadores, permitirmo-nos ao espanto de entender outras formas de estar e de fazer. Genesis nasce em Manchester, fez parte do coletivo de performance art COUM Transmissions, e em 1976 funda a banda industrial Throbbing Gristle e depois o Thee Temple ov Psychick Youth, que promove o sexo mágico e que lhe vale um mandato da Scoltand Yard que faz com que tenha de se mudar para os EUA. Em 1993, conhece Lady June e, juntes, em Queens, notavelmente desenvolvem o conceito de “pandrogeny”, que opera uma verdadeira revolução cultural. J.F.
© Marie Losier